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Thursday, December 08, 2005

 

NO MEU TEMPO DE JOÃO RAMALHO

Maria Elena Cabrini Libório


"No meu tempo de João Ramalho..." Era assim que eu começava meus discursos para comentar os tempos de ginásio com meus filhos.
O João Ramalho dos fins dos anos 50 e década de 60 marcou época. Passaram por lá médicos, advogados, contadores etc, hoje atuantes em São Bernardo. Até o atual prefeito passou pelo João Ramalho. Isso me faz sentir um tanto vaidosa, afinal cursei a melhor escola da época. Vinha gente até de São Paulo estudar ali.
Lembro do dia em que fiquei numa enorme fila para me inscrever no exame de admissão ao ginásio. Eu andava lentamente pelo jardim da casa - sim, porque ali havia sido a residência de Tereza Delta, uma prefeita meio lendária da cidade. Dizem que ela andava a cavalo e às vezes metia o chicote nos homens que lhe faltassem com o respeito. Ela doou o prédio para que o Estado instalasse ali a primeira escola secundária oficial do município.
Admirei o gramado muito bem cuidado, os chorões, as roseiras... O prédio era uma beleza. O piso do terraço, em cerâmica vermelha, brilhava de ofuscar a vista. Eu procurava me distrair com essas coisas para disfarçar o medo. Ainda nem havia feito a inscrição para o exame, e já temia não conseguir fazer meu curso ginasial. Meus pais não poderiam me pagar escola, e era ali, ou eu não estudaria. Havia me preparado bem, com a Dona Druzila, famosa no preparao de alunos para admissão ao ginásio. E eu era CDF, como se dizia dos alunos aplicados.
Consegui! E lá vivi o que tenho como momentos tremendamente importantes na minha vida.
A maior parte dos professores vinha de São Paulo. O professor Adir era muito pitoresco. Dava suas aulas de Português sob inspiração de frases ouvidas em jogos de futebol ou desfiles cívicos, ou uma placa que vira no caminho. Me lembro de uma aula sobre a voz passiva, em que tomou como base a placa "VENDE-SE CASAS". Eu amava as aulas dele! Um dia fui pedir para assistir sua aula em outra classe, pois estava com o horário vago; ele só permitiu porque eu havia me expressado corretamente, segundo disse. No exame oral me fez uma única pergunta: "Tudo são flores ou tudo é flor?" Eu eu fui aprovada, tendo respondido: "Tudo são flores". Há alguns anos fiquei sabendo que ele teve uma morte trágica: se atirou do Viaduto do Chá. Me custa crer!...
Matemática era o meu calvário. Depois veio o Latim. Cheguei a ficar para a segunda época. Tínhamos aulas de Ciências num laboratório com microscópio e até um esqueleto de verdade. O professor Vilela tinha uma acentuada deficiência visual, e a gente fazia cola na própria prova, a lápis, bem fraquinho. Até que ele acabou distribuindo as folhas de almaço e desbancou a gente.
Eu colava para desafiar os professores. Até com o famoso professor Firmo eu fiz isso, de raiva, porque ele mostrou a prova da minha amiga Élide para a escola toda, com um enorme zero vermelho - ela fora pega colando.
Nos dias de desfile na Marechal Deodoro usávamos uniforme de gala, e eu achava o máximo desfilar. Ensaiávamos durante as aulas de Educação Física, e me lembro do Antônio Pelosini, já falecido, que ia à frente da fanfarra com o surdo. O Fernandinho, aluno da Primeira Série C - a classe dos repetentes e indisciplinados - tocava repique como ninguém. Só não me agradava ser a última da fila porque era baixinha - de raiva, desfilava comendo pipoca. Até que um dia tive meu momento de glória: a Irene, não sei porque, entrou no banheiro arrancando a roupa de porta-bandeira e jogando no chão, xingando a Dona Celina, professora de Educação Física, e dizendo que não desfilaria mais. Por ser das poucas em que aquelas roupas serviram, e por desfilar bem - aprendera com um tio que fazia o Tiro de Guerra na época - saí à frente da fanfarra, com a bandeira do Brasil. Acabei sendo destaque da Folha de São Bernardo naquela semana, e fui elogiada pelo então prefeito Lauro Gomes de Almeida. (Aliás, foi dele que ganhei meu primeiro livro, ainda no grupo escolar). Como isso foi bom!
Em meio a tantos acontecimentos a escola foi crescendo, e acabamos indo para o seu atual prédio, na rua João Pessoa, que foi construído especialmente para abrigar a João Ramalho, e era bem maior. Na entrada ficavam expostos os muitos troféus conquistados em comepetições esportivas e pela fanfarra.
O laboratório ficava numa sala com janelões, pelos quais se viam grande parte das salas de aula e as escadas que davam para o pátio, embaixo. Era praticamente impossível controlar os alunos ali. Os professores se viam loucos, até que foram colocadas cortinas escuras e pesadas. Já no curso Clássico, tive aulas de Espanhol nessa sala, e o laboratório foi para o espaço do anfiteatro, próximo à sala dos professores e à diretoria. Hoje, a sala onde primeiro ficou o laboratório é chamada de "aquário".
No lado oposto ficava a biblioteca, onde muitas vezes a gente tomava os livros "emprestados" sem nenhum controle, pois esta era bem maior do que a do prédio antigo, e havia uma única atendente, que não dava conta da demanda.
Fazíamos festas para arrecadar fundos para a formatura e para o grêmio, e houve uma festa junina na qual minha classe ficou responsável pela barraca de maçã do amor. Não dávamos conta de passar a fruta na calda. Vendemos todas as maçãs prontas antes do esperado, e acabamos deixando de lavar as seguintes para apressar o processo; dizíamos que a calda quente mataria os micróbios. E dá-lhe maçãs do amor!
O "João Ramalho" já completou cinqüenta anos, e antigos alunos e funcionários foram convidados a colaborar no resgate de sua história. Tive o prazer de enviar algumas poucas coisas; mas, para mim, o melhor dessa história está no coração de cada um que por lá passou.




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