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Tuesday, December 06, 2005

 

O MARECHAL, O ESPELHO E O TRANSEUNTE

Rafael Alcântara de Oliveira

Um pincel sem ninguém para empunhá-lo é apenas um pincel. Um mundo sem ninguém para transformá-lo é um tédio. Uma rua sem o trânsito sempre congestionado e pedestres se amontoando pelas calçadas certamente não é a Marechal Deodoro.
Aquela rua no centro da cidade, fosse eu para onde fosse, sempre estava no meu caminho. Por mais que tentasse evitá-la, freqüentemente era obrigado a passar por lá. Atravessá-la era como uma corrida de obstáculos. Dentre eles, o maior era representado pelos inoportunos vendedores de cursos de informática, que espalhados estrategicamente pelos dois lados do calçamento, nunca aceitavam um “estou com pressa” como resposta. Só pararam de me infernizar quando, após terem me abordado uma centena de vezes, já me conheciam pelo nome, sabiam onde eu estudava e tinham se conformado com a idéia de que, por mais que argumentassem, não me convenceriam a fazer o tal curso avançado.
Tão inconvenientes quanto os vendedores eram as ciganas, que por qualquer quantia liam o futuro nas mãos dos transeuntes. Comparação injusta esta, pois os vendedores, ao menos, tomavam banho. Os vestidos coloridos envergados por estas mulheres certamente eram as únicas peças de seus vestuários e há muito não viam água.
Ultrapassados vendedores e ciganas, seguiam os pedintes. Estes, confesso, por vezes me comoviam. Jogados pelas calçadas expunham suas chagas, tentando ser notados por aqueles que os ignoravam. Era impossível manter-se indiferente diante de semelhante espetáculo de horror, mais parecido com um hospital que atende feridos de guerra - excluindo-se, obviamente, a parte do atendimento médico.
Os assaltos ali eram freqüentes. Roubavam-se bancos, transeuntes e até, acreditem, as migalhas recolhidas pelos pedintes. Certa vez, um ceguinho apanhou um desses meliantes que tentava surrupiar-lhe alguns trocados de dentro de sua caneca. Aplicou-lhe uma gravata, imobilizando-o, enquanto chamava por qualquer autoridade que pudesse atendê-lo. De fato, ou o bandido não era muito inteligente ou o ceguinho não era cego.
A Marechal Deodoro era uma rua onde a vida pulsava intensamente. Tudo que ali se via era o mais puro reflexo da natureza humana, tão cheia de altos e baixos. Aos que não gostam de si mesmos, por favor, não passem por lá.




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