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Tuesday, December 06, 2005

 

A RUA MARECHAL DEODORO

A histórica Rua Marechal Deodoro, parte do antigo Caminho do Ma

Jorge Joaquim Magyar


Início de dezembro: o sol de quase verão faz correr o suor pelo rosto e a roupa sufoca o corpo desejoso de banho. A multidão de consumidores que inundam as calçadas da rua Marechal Deodoro em busca de ofertas para preparação do natal que se avizinha contribui para potencializar o calor da tarde. Com muito ou pouco dinheiro, as pessoas, muitas pessoas, buscam no comércio a satisfação de necessidades típicas da época de Natal, exaustivamente alimentadas pelos meios de comunicação.

Na via, onde a impaciência toma forma nas buzinas acionadas sem maiores cerimônias, o trânsito lento e barulhento completa o cenário inimaginável em um passado talvez nem tão distante...

Na vã tentativa de fugir sem sair do lugar, as lembranças desse passado tornam-se presentes. Acho que sinto saudades da Marechal de outros tempos, parte do Caminho do Mar, centro único da então Villa – com essa grafia mesmo – de São Bernardo. Caminho tantas vezes percorrido pelos viajantes entre a capital e o litoral – único movimento a quebrar o ritmo de tranqüilidade reinante.

Caminho do povo da cidade, no seu ir e vir constante, fazendo e re-fazendo a vida acontecer. De terra, paralelepípedos ou asfalto, envolvida sempre por gente, foi e é testemunha privilegiada do cotidiano de trabalho local. Ali se localizavam a maioria das fábricas de móveis e tecelagens. Local também do comércio e do lazer: o Bar Expresso, o Cine São Bernardo, a Igreja Matriz, o Banco Noroeste, os campos de futebol do Palestra e do Esporte, o salão da Sociedade Italiana e a funerária, entre outros.

Palco de desfiles, comemorações e encontros – hoje praticamente impossível o encontro de um rosto amigo no meio da multidão apressada! O footing aos domingos; momentos de descontração, de flertes e conquistas, de amores e desamores, casamentos e decepções.

A Marechal de um tempo em que se permitia parar, cerrar as portas comerciais, em respeito a um enterro que passava. Tempo em que o caminhar era mais tranqüilo, sem pressa para se chegar em casa e ficar postado diante da TV.

Até um trenzinho chegou a ter. Este, percorria sua extensão desde a atual Praça Lauro Gomes até Santo André. Mas foi por pouco tempo, restando ainda por muitos anos parte de seus trilhos no seu leito.

A prefeitura também estava na Marechal; no local onde hoje fica o Paço Municipal só havia um armazém e a casa de Tereza Delta, depois Colégio João Ramalho.

A velha casa da Câmara ainda continua na Marechal. Local de decisões políticas desde o final do século XIX, foi sede da Intendência, Câmara Municipal, Gabinete de Prefeito...., enfim, sediou por muito tempo a Administração Pública da Cidade. Onde ela está mesmo?

Um choque com outro transeunte, desatento como eu – este distraído olhando vitrines com promoções – me traz novamente para o momento atual. É difícil acreditar que de fato essas lembranças são dessa rua; ela nem se parece com ela mesma...

Na verdade, todas essas lembranças não são minhas e sim de antigos moradores que inúmeras vezes relataram suas memórias referentes a essa rua. Sr. Mário, Sr. Julião, Sr. Luiz, Dona Floriza e tantos e tantas, que por horas ouvi, algumas vezes até mesmo impaciente, falarem de um tempo do qual não fiz parte.

Porém, mesmo não sendo minhas memórias, é como se fossem. Ao vir trabalhar em São Bernardo do Campo, em janeiro de 1992 – continuando a residir em Santo André até hoje –, a Marechal era para mim apenas mais uma rua, sem nada de especial, pela qual eu transitava todos os dias. Aos poucos, por força da atuação profissional, convivendo com moradores que eram/são portadores de parte significativa da memória local, comecei a enxergar além das aparências.

Assim, sem pedir autorização, aproprio-me de memórias alheias – ou já serão minhas também? Sinto saudades desse tempo vivido apenas pelas reminiscências, carinhosamente guardadas na memória, por vezes nostálgica, de homens e mulheres, na maioria anônimos, que aos poucos, também eles, vão se tornando memória.

Depurando o olhar, negando-se à pressa reinante, em meio à monótona uniformidade das fachadas de lojas, ainda é possível encontrar uma ou outra casa que guarda traços desse outro tempo.

O tempo passou, a cidade se transformou e com ela também a rua Marechal Deodoro, que guarda muito pouco de uma época em que São Bernardo se resumia a um pequeno povoado junto ao poeirento Caminho do Mar.

No entanto, a velha Marechal, ainda que sufocada, continua como espaço de referência, como caminho que corta e aproxima São Bernardo e sua gente.







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