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Tuesday, February 21, 2006

 

O LUGAR DA MEMÓRIA, A MEMÓRIA DE UM LUGAR

Para que serve a literatura? Uma das primeiras respostas a essa pergunta é: para lembrar. Para não deixar perder. Para evitar a ameaça do esquecimento inevitável, que recai sobre todas as formas da experiência humana não-registradas. A história, a iconografia, as imagens fotografadas ou filmadas, e mesmo a preciosa tradição oral, não suprem o que só a literatura pode dar: o gosto inconfundível da memória consolidada e artisticamente reinventada por quem viveu. É por isso que nem a consulta aos livros de História, nem as fotografias e filmes referentes ao Brasil da primeira metade do século 20 nos dão uma idéia tão precisa e completa dessa época quanto a que recebemos - por exemplo - da obra memorialista de Pedro Nava. O primeiro texto escrito em terras brasileiras é memória, registro e também literatura fundadora: a carta de Pero Vaz de Caminha, matriz que nenhum escritor pode ignorar. Acrescente-se a esse dado o eterno problema, que de tão mencionado já virou chavão: o Brasil é um país sem memória. Historiadores, sociólogos e outros profissionais da área de Ciências Humanas podem preencher parte dessa lacuna. Muitos deles, entretanto, já reconhecem que nas trajetórias individuais, no depoimento de pessoas que muitas vezes passam à margem dos livros de História, oculta-se boa parte de nossa memória. Somos todos repositários do que já passou. Do aposentado que toma café na padaria ao garoto de skate, passando pela executiva apressada a caminho do trabalho, todos temos histórias a contar. E é curioso notar o quanto essas histórias se misturam com a da cidade e do país. Intersecções da História com letra maiúscula com a história pessoal do dia-a-dia: da atividade industrial no ABC com recordações da Cidade da Criança; das matinês de infância com a breve e fulgurante carreira de Companhia Cinematográfica Vera Cruz; da instalação do ensino público em São Bernardo com as memórias da menina orgulhosa de estudar no João Ramalho... Nessas esquinas trabalhamos nós, da Oficina de Literatura Memorialista realizada aqui no Espaço Troca-Livros da Secretaria da Educação de São Bernardo, no segundo semestre de 2005. Além de textos clássicos do memorialismo brasileiro - o Baú de Ossos de Pedro Nava, o Minha Vida de Menina de Helena Morley, o Feliz Ano Velho de Marcelo Rubens Paiva - também visitamos clássicos estrangeiros como o Recordações da Casa dos Mortos de Fiódor Dostoiewski. Além disso, nos divertimos e nos emocionamos com o recentemente traduzido Achei que meu pai fosse Deus - belo mosaico de textos memorialistas de pessoas comuns, coordenado pelo escritor americano Paul Auster. Mais do que as leituras em classe, entretanto, ficarão na minha lembrança as sessões de trocas de lembranças: "Lembra aquele prédio onde antigamente era tal fábrica?" "Se me lembro! meu tio trabalhava ali..." Dessas memórias, reunidas nos belos textos desse livro, emerge um retrato de uma cidade - São Bernardo - e de uma região - o ABC paulista - que, como poucas, contribuiu para o crescimento da economia e para a evolução política do país; e que, agora, nesses tempos bravos que atravessamos, espera recompensas à altura de sua contribuição. Lidos, comentados e reformulados exaustivamente em nossos encontros, estes textos dão uma pequena porém significativa contribuição a esse espaço de reconstituição hoje tão precioso: a memória. Sem memória, restamos cacos fragmentados de homens e mulheres, atropelados pelo processo de apagamento de identidades cada vez mais veloz do mundo globalizado. Um olhar afetuoso à literatura, um olhar amoroso à cidade de São Bernardo do Campo: é assim que se constituiu essa oficina, e assim foram elaborados os textos dessa publicação. Este fanzine é, portanto, não apenas o produto final de nosso trabalho, mas também um presente à cidade e à região.




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